quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Whatever works



Aquela sensação esquisita que tudo se encaixa no final me assombrou quando olhei para o passado e vi que nada estava fora do lugar como imaginei. Eu pensava que as minhas decepções serviriam somente como dor de cabeça para que eu passasse dias e dias me martirizando como se isso resolvesse alguma coisa, para que eu não conseguisse dormir somente de preocupação e fazer minhas olheiras crescerem como um rio transbordando em meu rosto.
Mas eu percebi que não é bem assim. Foi aquela desilusão em uma amizade que me fez conhecer a mim mesmo bem melhor do que eu jamais imaginava que conheceria, que me fez escolher uma certa reclusão à sair todas as noites com os colegas e cair em uma cilada pronta para mim - mais uma talvez. E foi também uma desilusão amorosa que me fez perceber que as pessoas merecem uma segunda chance e que eu sei exatamente o que procuro no outro. E também foi ela que me fez conhecer as pessoas que hoje eu chamo de melhores amigas que eu poderia encontrar.
Foi numa queda que me fez quebrar o dedo que conheci quem se tornaria minha namorada, num atraso de ônibus que acabei brigando com meus pais e me fez tomar coragem de sair de casa e conseguir um lugar próprio para morar. E todas essas tranqueiradas que acreditamos não influenciar em nossas vidas. Efeito borboleta, destino. Chame como quiser. As peças dessas engrenagens não são soltas, é só parar e analisar para ver que tudo está em seu devido lugar, mesmo que pareça que não.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Broken fucking mirror



Os cacos jaziam no chão enquanto eu tentava pegar um por um pelo piso frio e branco do banheiro, enquanto as lágrimas escorriam pela minha bochecha e caía sobre pedaços que refletiam quem eu era. Talvez aquela fosse a maior analogia de quem eu realmente sou, um grande fragmento espalhado pelo mundo, buscando juntar cada pedacinho de si mesmo. Mas não pude evitar quebrá-lo ao me ver inteiro, pois aquele não era eu, não, recuso a acreditar nessa hipótese.
Não vejo naquele objeto o que os outros vêem, não é algo que me agrada mas sim que me aterroriza, que me faz chorar como uma criança. Ainda não entendo o motivo disso, ainda não sei porque tanto ódio mas posso afirmar com todas as letras que aquela imagem se tornou minha maior inimiga durante todos esses anos. Quebrá-la até parecer com o que eu realmente sou se tornou a minha tarefa diária, até que eu me satisfizesse e passasse a encarar cada pedaço jogado no chão como uma batalha vencida.
Ah, se eu pudesse somente fechar os olhos e fingir que nada disso era real... Mas sempre que abro meus olhos, posso ver aquele ser me encarando com um sorriso sádico como se apontasse o dedo em minha face e dissesse "você não presta, é um lixo" e me instiga a quebrá-lo em diversas partes.
Eu sou somente isso... um maldito espelho quebrado. Somente espero ainda ter um conserto.